O Homem
No Vem Mediterranar, o I Festival dos Cinemas do Mediterrâneo, impressionou-me o documentário italiano L’Huomo de A Richi e Yervant Gianikian, feito de imagens recolhidas em diversos países da Europa após a I Guerra Mundial. O imperialismo das tropas do Duce, crianças com doenças deformantes na Aústria, soldados cegos a serem operados aos olhos, crianças a morrer de fome na Rússia. Filmes de um realismo devastador, feitos para fins propagandísticos ou ciêntificos que mostram o Homem na sua essência, no que tem de pior e melhor, a sobranceria dos oficiais, a ingenuidade da menina que apesar de estar morta de fome, canta, o sofrimento do rapaz que lambe migalhas de nada do chão. O sofrimento, sobretudo o sofrimento que o Homem se impõe. Já morreram, todos, mas continuarão sempre a reencarnar porque ontem, como hoje, temos soldados de causas desumanas que acabam eles, e os que a eles se submetem, em pedaços de carne com almas despojadas de toda dignidade.
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