Betel
Fui a Maubara à procura dos ruin, os golfinhos, que costumam vir até à praia. Perguntei a uma senhora, que faz cestos, por eles. «Já passaram, às duas horas», disse em perfeito português. Um amigo timorense ensinou-me a chamá-los batendo palmas de determinada maneira. Não sei se ouviram ou se estavam atrasados – já eram três da tarde – mas apareceram, ao longe.
A neta da senhora tinha o mesmo hábito da avó, sorrir com a boca fechada. Quando me aproximei percebi – já se drogava com betel! Nunca tinha visto uma criança com a boca vermelha e os dentes já corroídos.
Nos mercados vende-se a nóz e o betel já seco, em pauzinhos. Depois é preciso misturá-lo com cal, enrolado numa folhinha, e mascá-lo. O resultado é uma grande«pedra», bocas pintadas de vermelho e dentes estragados. As velhas, quando posam para foto, nunca riem, só sorriem, para esconder os efeitos do hábito. Depois, dizem «obrigada»...
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