Leituras sobre a guerra e a nova censura II
A hipocrisia dos estados da NATO e a subserviência dos mainstream media leva-nos a acreditar em mensagens propagandísticas univocas.
Por isso aqui partilho outra informação e opinião sobre o conflito.
Raquel Varela, no jornal i: «Guerra na Europa, o que fazer»
https://ionline.sapo.pt/artigo/765162/guerra-na-europa-o-que-fazer-?seccao=Opiniao_i
Excertos:
«Generais do Exército em Portugal, e diplomatas pró-NATO (o próprio ex-ministro Azeredo Lopes) chamaram publicamente a atenção para a caixa de pandora que se abre com o armamento destas milícias extremistas. Porque não estão sob a alçada do direito internacional e podem cometer todo o tipo de atrocidades, estão fora da lei. Noutras guerras, no passado mais ou menos recente, isso deu origem a grande parte dos grupos terroristas que atacaram civis indiscriminadamente na Europa, nos EUA e no resto do mundo.»
«O fascismo não é uma corrente de opinião, nem um corpo de ideias – é o culto, organizado, da morte, através de milícias. Desde a revolução italiana de 1919-20, os Estados democráticos convivem mais ou menos com estes grupos fascistas consoante lhes são úteis para combater greves e revoluções: o princípio maquiavélico de que o “inimigo do meu inimigo é meu amigo”. A vida é mais complexa. Em diplomacia, a linguagem dos Estados, todos os amigos são falsos e todos os inimigos reais. A comparação destes mercenários com a esquerda militante que se bateu na guerra civil espanhola é patética. »
«E o que faremos aos ucranianos que estão contra Putin, mas não apoiam o Governo de Zelensky, nem a guerra, que querem paz e que temem os grupos armados que se instalaram no seu país? Chamamos-lhes “cobardes” e apelamos à “pátria”? É que esse tem sido o mediático discurso patriótico e viril. A mesma pergunta tem de ser feita para o Exército e a população russas: quem de facto apoia esta guerra na Rússia? É por isso que ver cidadãos europeus a pedir o cancelamento da cultura russa, animados de extremismo russófobo, deve envergonhar-nos.»
«O que tem o Estado russo a oferecer aos Ucranianos? A mesma “terapia de choque” que ofereceu aos seus cidadãos russos, com reformas neoliberais brutais (quando Putin e o Ocidente apertavam as mãos a aplicá-las) e censura e bonapartismo. Neoliberalismo sob ocupação: eis o significado da “libertação do nazismo” que Putin oferece. E na Ucrânia? Não há um “povo em armas”.
Primeiro, antes da guerra, com as reformas do FMI que Zelensky apoiou, houve migração económica em massa para a Europa Ocidental e para a própria Rússia, 8 milhões ficaram sem terra onde possam trabalhar e viver. Agora são bombardeados pela Rússia, com uma “resistência” neonazi a defendê-los e um governo que apela a uma guerra mundial. Este é o triste cenário que temos pela frente.»
«Quem organiza a guerra são os Estados-nação e os negócios em torno destes. Quem morre nas guerras em nome dos Estados-nação são as classes trabalhadoras. As sanções são um garrote que não atinge os ricos, mas devasta quem vive do trabalho. Os Estados continuarão a fazer guerras e a anunciada remilitarização da Europa não nos trará paz, nem defesa contra os “russos”. Os líderes europeus, da Ucrânia e da Rússia afirmam-se como organizadores de derrotas históricas, trouxeram-nos até aqui, e querem culpar-se mutuamente por este desastre humano que é a vida em pleno século XXI. »
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