16.3.06

O Homem

No Vem Mediterranar, o I Festival dos Cinemas do Mediterrâneo, impressionou-me o documentário italiano L’Huomo de A Richi e Yervant Gianikian, feito de imagens recolhidas em diversos países da Europa após a I Guerra Mundial. O imperialismo das tropas do Duce, crianças com doenças deformantes na Aústria, soldados cegos a serem operados aos olhos, crianças a morrer de fome na Rússia. Filmes de um realismo devastador, feitos para fins propagandísticos ou ciêntificos que mostram o Homem na sua essência, no que tem de pior e melhor, a sobranceria dos oficiais, a ingenuidade da menina que apesar de estar morta de fome, canta, o sofrimento do rapaz que lambe migalhas de nada do chão. O sofrimento, sobretudo o sofrimento que o Homem se impõe. Já morreram, todos, mas continuarão sempre a reencarnar porque ontem, como hoje, temos soldados de causas desumanas que acabam eles, e os que a eles se submetem, em pedaços de carne com almas despojadas de toda dignidade.

Mediterrar completamente a sul



Vem Mediterranar, o I Festival dos Cinemas do Mediterrâneo está a acontecer em Faro. Apanhei um comboio e lá fui, não porque exibissem um dos meus filmes, mas porque sou actriz secundária na curta metragem de um amigo chamada Diesel.
Aqui pelo Ocidente não nos é dado a ver muito para além do Europeu comercial ou de Hollywood, pelo menos nas salas. As cinematografias do Médio Oriente são das minhas preferidas e achei este festival uma excelente ideia. Apesar de Portugal não ser mediterrânico tem, sem dúvida, origens históricas e semelhanças culturais com os países da região.
Infelizmente, até Domingo, o festival não estava a correr muito bem: filmes projectados em condições deficientes, falta de público, bilhetes demasiado caros, falta de promoção, falta de atenção aos realizadores convidados – transportes, entrevistas com os orgãos de comunicação, conferências de imprensa atrasadas e sem jornalistas etc. – enfim uma desorganização muito mediterrânica.... mas é o primeiro e pode ser que o próximo seja melhor.
Aproveite para passear na Ria, onde um pedaço de relva artificial atapetava o limo e pela cidade velha, com as suas camadas históricas. Numa tasca, fui quase raptada por dois marisqueiros que me explicaram tudo que há para saber sobre apanha da conquilha e conchas primas. Dava documentário para concorrer ao festival...





1.3.06

Neste site podemos criar o nosso próprio mapa mundi, o mapa das nossas viagens. As minhas são, sobretudo, a leste.




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