21.11.05

Lama



No sábado fui à praia de Comoro, depois do cemitério. Começou a chover a potes e só se estava bem dentro de água – a chuva era gelada e «picava-me» a pele. Quando começou a trovejar tive que sair do mar. Alheios ao perigo dos raios – e a todos os outros - os miúdos brincavam na lama.

15.11.05

Karaus

Eis uma mãe cuidadosa... O pior é quando não se vêem... o embate estraga bastante o carro.











































Ódios timorenses

Aos australianos que apoiaram a invasão e que desde então têm usufruído do petróleo do mar de Timor. Os velhos nunca se esqueceram. Como a mãe do Ramos Horta que entrevistei há 10 anos. Mas os novos compram a fé na angloglobalização que lhes é vendida pelos internacionais.

Aos portugueses. Para os novos são os colonos maus. Os velhos têm saudades. Tal como os liurais que ainda conservam a bandeira vermelha e verde, símbolo de resistência, guardada a sete chaves. «Odeiam-nos, estes gajos», dizia-me um professor de português, depois de me contar algumas experiências violentas. No entanto, muitos galos de Barcelos que por cá se pavoneiam, acreditam inocentemente que os lafaeks são fiéis à pátria – no sentido de metrópole, claro…

Aos Indonésios. Hoje, 11 de Novembro, comemoram-se 30 anos de independência. A que foi declarada, claro, não a efectiva, visto que logo a seguir a Indonésia invadia. E amanhã é dia 12 de Novembro. Há uns anos entrevistei um dos sobreviventes do massacre. Acabámos a entrevista a chorar, os dois. É preciso muita coragem para não odiar, para passar à frente como pede o Xanana, hoje.

10.11.05

O mito, para quem não sabe


Um dia, um rapaz encontrou um jovem crocodilo a tentar atravessar a lagoa para entrar no mar. Estava muito fraco. O rapaz teve pena dele e levou-o nos seus braços até ao mar.
O crocodilo ficou-lhe muito grato e prometeu que se lembraria para sempre da sua bondade. Disse ao rapaz que se alguma vez quisesse viajar que deveria chegar-se à beira do mar e chamar por ele, que o ajudaria.
Algum tempo depois, o rapaz lembrou-se da promessa do crocodilo. Foi à beira do mar e chamou o crocodilo três vezes. O crocodilo disse ao rapaz que se sentasse nas suas costas e durante anos viajaram.
Embora o crocodilo e o rapaz fossem amigos, o crocodilo continuava a ser um crocodilo e sentiu uma vontade irresistível de comer o rapaz. Mas isto incomodava-o e decidiu pedir conselhos a outros animais. Perguntou à baleia, ao tigre, ao búfalo e a muitos outros animais, todos lhe disseram “O rapaz foi bom para ti, não o podes comer.” Acabou por ir visitar o macaco sábio. Depois de ouvir a história, o macaco praguejou e desapareceu.
O crocodilo sentiu-se envergonhado e decidiu não comer o rapaz. Em vez disso levou o rapaz nas suas costas, e juntos viajaram até o crocodilo ser velho. O crocodilo sentiu que nunca poderia retribuir a bondade do rapaz e disse-lhe, “Em breve morrerei e formarei uma terra para ti e para todos os teus descendentes”.
O crocodilo transformou-se na ilha de Timor que ainda hoje tem a forma de um crocodilo. O rapaz teve muitos descendentes que herdaram as suas qualidades de bondade, amizade e sentido de justiça. Hoje, o povo de Timor chama “Avô” ao crocodilo, e quando atravessam um rio gritam sempre, “Crocodilo, sou teu neto – não me comas!”

A bibi a símbolo nacional



Qual é o omnipresente animal em Díli? Junto à placa do Centro de Formação Jurídica? Nos ermos «relvados» dos Ministérios? Junto à praia comendo os restos de um automóvel ferrugento? Nas montanhas, aparecendo do nada? Em qualquer vila, casa, praia? Aos milhares por todo o país? Versátil, sobrevivente, gregária mas egoísta (é vê-las lutar pelo melhor pedaço de borracha) aparentemente bem disposta e pacífica mas capaz de uma marrada pelas costas? Qual lafaek!

8.11.05

Já vejo crocodilos

Chegada das ondas e vulcões de Bali fui à «Praia dos Portugueses» tomar um banho, aproveitando a maré cheia. Dentro de água, não muito longe, um animal grande deslocava-se para trás e para a frente. Golfinhos? Um tubarão dos grandes - daqueles de fundo, que não fazem mal? Não, ambos têm barbatanas dorsais e não nadam em ziguezague, serpenteando. Talvez um cardume? Assim, para trás e para a frente, no mesmo sítio? Não. .. O bicho desapareceu e continuámos a nadar.
No dia seguinte, uns amigos afirmavam a pés juntos que tinham visto o animal mais à frente. Era mesmo aquilo em que nem queriamos acreditar....