29.12.05

Oh!Oh!Oh!

De volta ao rectângulo enfeitado.
Este ano foi-me negado um dos poucos prazeres natalícios, roubar os brinquedos às criancinhas: elas desembrulhavam e os pais logo metiam num saco «para não se perderem e partirem por aí». Os protestos da criança que há em mim de pouco serviram. Fiquei agarrada aos sais de banho e lençois novos sem lhes encontrar muitas perspectivas lúdicas imediatas...
O melhor título da época parece-me ser «Matança de Natal», um filme com o Pai do mesmo nome, que reflecte o desejo inconfessado que muitos nutrem relativamente àquilo que voltou a estar no centro dos interesses e das aspirações dos portugueses (elas de cabelo esticado e eles de camisa aos quadrados)- a família mononuclear.
Vá lá, bebam uns copos e contenham-se...assim como vem, logo se vai.
Quem aproveita é um país Completamente a Leste, o dos muito pouco católicos chineses, de onde vem quase cem por cento das decorações e brinquedos consumidos na Lusitânia. Kung Hei Fat Choi!

14.12.05

Stanley a presidente!



Afinal sempre apanhei os Prós e Contras na Universidade de Macau (que saudades, ensinei lá três anos). Marreiros, Rangel, Neto Valente, Pereira Coutinho e mais não sei quem. Ninguém disse nada de jeito a não ser o vice-reitor Rui Martins que falou da ignorância de Portugal em relação à China e a Macau e claro, o velho Henrique Senna Fernandes - que tantas histórias me contou - que me emocionou. Parecia uma Madalena...
A coisa devia ter sido mais incisiva e informativa. A RPC definiu que Macau é a plataforma para as negociações com os países da CDLP e isso é marcante. Entretanto, na semana passada, no mesmo dia em que a Geocapital (do tio Stanley) assinava um acordo para o desenvolvimento do vale do Zambeze - o Almeida Santos que esteve cá, é o presidente - o Primeiro-Ministro chinês visitava Lisboa e declarava Portugal o quinto país estratégico para a China na Europa.
E viva o Stanley Ho, que ainda vai salvar o jardim à beira mar ardido. Nele, eu votava.
O senhor devia ter estado num jantar a que fui, oferecido pela STDM,, com umas tias e uns impertigados de Portugal, a maioria vinda para ir às compras e com pouco a dizer no congresso para que foram importados. Mas, como afazeres o tinham levado à RPC, lá bebemos uma pinga à saúde do homem. Pena... lembrei-me da última vez que o vi, quando, à saída do Jet Foil, me cumprimentou com um sorriso e um piropo discreto.
Tio Stanley a presidente de Portugal! É tão velho como o Soares e mais eficaz na economia que o Cavaco.

11.12.05

Ah! A cultura! As ideias!




Caí no meio do XI Congresso da Imprensa Portuguesa, com a Fátima Campos Ferreira a moderar, sobre Os Media e os Desafios da Sociedade de Informação. Cá fora, uma exposição como peixe fora de àgua. Fui a poucas sessões, ainda debilitada.
Hoje, desforrei-me com a exposição dos manos Marreiros.
Atrasada, falhei os Prós e os Contras sobre a herança portuguesa em Macau.
A recepção aos congressistas, no Bela Vista, agora a casa do cônsul de Portugal, serviu para encontrar velhos amigos e conhecidos. Adorei ver o velho Senna Fernandes, ainda muito bem, a atirar-se ao presunto Pata Negra.
Que diferença da vida cultural - ou da falta dela - em Díli!

Os políticos no calendário



De volta a Macau com um alien timorense nas tripas, «uma amiba no fígado» vaticina logo uma amiga alarmista. Aguardam-se análises...
Há dois dias, lá arranjei energia para dar uma volta pela zona onde morava, perto dos tintins, as casas de antiguidades. Durante sete anos comi este mesmo wan tan min, levado para casa ta pau...
Com excesso de peso - na mala, visto que eu cada vez mais leve, à conta da amiba - resolvi levar apenas chá para os amigos. Fui ao velho dos chás, na 5 de Outubro, comprar pou lei, jasmin e chá branco. Eu, prefiro Earl Grey...
Os mini calendários meio China Pop também não pesam. A última moda são os calendários com figuras políticas, para além do cão da praxe - 2006 é o ano do canino. Porque não calendários Cavaco ou Louça para o novo ano? Já lá vai o tempo em que os chineses copiavam as ideias ocidentais. Agora é ao contrário. Que tal um belo calendário Soares para a cozinha?



7.12.05

Árvores


Em Baucau, ao longo do caminho que vai para a praia, as àrvores crescem nas rochas, talvez motivadas pelos muitos cursos de água límpida. Quando entramos no mar sentimos a água quente das nascentes nos pés. Enquanto secamos, as formigas mordem-nos os dedos. As árvores - fruta pão - tomaram conta do progresso, que em 1975 se aproximava na forma de um café de praia, nunca terminado.







Díli debaixo de água


Em Díli, ao fim de semana, vamos para debaixo de àgua para nos esquecermos das tricas e confusões. No Ataúro não vi tubarões, mas vi um coral roxo que nunca tinha visto... Foi lá que o David tirou esta foto.
Felizmente que os crocodilos, como é bem sabido, não têm apetite pelo neoprene...

1.12.05

Coração



Parto amanhã. Parte do meu coração fica cá...


Ruin


A caminho do Ataúro, no batel fotografei este golfinho, elemento de uma família de dezenas. Dessa vez vi também baleias piloto e muitos peixes voadores.

Betel



Fui a Maubara à procura dos ruin, os golfinhos, que costumam vir até à praia. Perguntei a uma senhora, que faz cestos, por eles. «Já passaram, às duas horas», disse em perfeito português. Um amigo timorense ensinou-me a chamá-los batendo palmas de determinada maneira. Não sei se ouviram ou se estavam atrasados – já eram três da tarde – mas apareceram, ao longe.
A neta da senhora tinha o mesmo hábito da avó, sorrir com a boca fechada. Quando me aproximei percebi – já se drogava com betel! Nunca tinha visto uma criança com a boca vermelha e os dentes já corroídos.
Nos mercados vende-se a nóz e o betel já seco, em pauzinhos. Depois é preciso misturá-lo com cal, enrolado numa folhinha, e mascá-lo. O resultado é uma grande«pedra», bocas pintadas de vermelho e dentes estragados. As velhas, quando posam para foto, nunca riem, só sorriem, para esconder os efeitos do hábito. Depois, dizem «obrigada»...